Arte gráfica: o autor

Oscilador harmônico amortecido por um meio viscoso

Veja como tratar a dissipação de energia em sistemas quânticos

1 Introdução

Oscilador harmônico na picture de Heisenberg resolve o oscilador harmônico na formulação de Heisenberg (I J R Aitchison 2004). Para tal, utiliza a equação de movimento:

dGdt=Gt+[G,H]i.

Geralmente, o tempo não é explícito na fórmula de G e a derivada parcial desse operador é zero. Daí, a equação (1.1) se torna mais simples:

˙G=[G,H]i.

No artigo acima, trabalhamos com o hamiltoniano que descreve o movimento unidimensional de uma partícula de massa m submetida por uma força restauradora:

H=12mp2+m2ω2q2.

Agora, vamos trabalhar com o hamiltoniano de Caldirola–Kanai (Caldirola 1941) , (Kanai 1948), que incorpora, ao hamiltoniano (1.3), o efeito de uma força de atrito através de um parâmetro de fricção γ:

H=eγt12mp2+e+γtm2ω2q2.

2 Modelo CK

O modemo de Caldirola–Kanai, conhecido como modelo CK, trata da dissipação de energia em sistemas quânticos. Utilizando a equação de movimento (1.2) e o hamiltoniano (1.4), vamos determinar a evolução temporal do operador de coordenada, q(t), e a evolução temporal do operador de momento linear, p(t), de um oscilador harmônico que dissipa energia para um meio ambiente viscoso, caracterizado pelo parâmetro de fricção γ. O meio γ pode ser um gás de fundo que cerca o oscilador; e o oscilador pode ser um átomo aprisionado nesse meio; então, a cada oscilação, o átomo dissipar energia para o gás de fundo. Nosso primeiro passo é desenvolver o comutador coordenada–hamiltoniano:

[q,H]=[q,12mp2eγt]+[q,m2ω2q2e+γt]=12meγt[q,p2]+m2ω2e+γt[q,q2]=12meγt2p[q,p]+0=eγtmpi,

que gera a equação de movimento da coordenada:

˙q=[q,H]i=eγtmp.

Nessas e em outras passagens matemáticas é importante lembrar:

A condição quântica entre os operadores de coordenada e de momento linear:

[q,p]=i[p,q]=i[q,q]=[p,p]=0

E estas comutações:

[a,bc]=[a,b]c+b[a,c][a,b2]=2b[a,b]

Nosso segundo passso é desenvolver o comutador momento–hamiltoniano:

[p,H]=[p,12mp2eγt]+[p,m2ω2q2e+γt]=12meγt[p,p2]+m2ω2e+γt[p,q2]=0+m2ω2e+γt2q[p,q]=mω2e+γtqi,

que gera a equação de movimento do momento:

˙p=[p,H]i=mω2e+γtq.

Equação diferencial da coordenada:

Vamos inverter a equação (2.2):

p=e+γtm˙q.

Derivar a equação (2.2):

¨q=eγtm(γp+˙p).

E substituir p (2.7) e ˙p (2.6) em ¨q (2.8):

¨q=eγtm(γe+γtm˙qmω2e+γtq)=γ˙qω2q.

O que resulta em:

¨q+γ˙q+ω2q=0.

Equação diferencial do momento:

Agora vamos inverter a equação (2.6):

q=eγtmω2˙p.

Derivar da equação (2.6):

¨p=mω2e+γt(γq+˙q).

E substituir q (2.11) e ˙q (2.2) em ¨p (2.12):

¨p=mω2e+γt(γeγtmω2˙p+eγtmp)=γ˙pω2p.

O que resulta em:

¨pγ˙p+ω2p=0.

As equações (2.10) e (2.14) são resolvidas com a técnica de reescrever essas equações com variáveis complexas (escritas com letras maiúsculas):

¨Q+γ˙Q+ω2Q=0,¨Pγ˙P+ω2P=0.

Daí, fazer toda matemática usando as variáveis complexas — o que torna a nossa vida mais fácil! No final das contas, as soluções físicas são obtidas tomando a parte real (ou a parte imaginária) de cada solução complexa:

q=Re(Q)   ou   Im(Q),p=Re(P)   ou   Im(P).

Uma solução simples para a equação da coordenada:

A solução que vamos escolher para a coordenada complexa será do tipo Q=eRt. Fazendo ˙Q e ¨Q, e substituindo em (2.15), obtém-se:

R2+γR+ω2=0.

A solução dessa tradicional equação de segundo grau é:

R=γ±γ24ω22.

Ou:

R=γ2±γ24ω2.

Visto que a procura é por oscilação subamortecida (γ2/4<ω2), em que a fricção não neutraliza o movimento bruscamente, invertemos a raiz (2.19) para o resultado ser negativo:

R=γ2±iω2γ24.

Agora podemos chamar:

¯ω=ω2γ24,

e escrever:

R=γ2±i¯ω.

O resultado (2.22) mostra que a solução complexa é o produto destas exponenciais:

Q=eγ2te±i¯ωt,

o que implica na seguinte solução física:

q=eγ2t Re(e±¯ωt).

Portanto, a evolução temporal do operador de coordenada é:

q(t)=eγ2tcos(¯ωt).

O efeito da fricção γ afeta a oscilação, pois, o oscilador abandona a sua frequência natural ω, e passa a oscilar com a frequência reduzida ¯ω; além da amplitude de oscilação diminuir exponencialmente.

Uma solução simples para a equação do momento:

A solução complexa será do tipo P=eGt. Substituindo em (2.15), obtém-se:

G2γG+ω2=0,

cuja solução é:

G=+γ2±γ24ω2.

Para oscilação subamortecida:

G=+γ2±i¯ω,

com:

¯ω=ω2γ24.

Então, a solução complexa é:

G=e+γ2te±i¯ωt.

A parte real de (2.30) repete a solução cosseno da coordenada (ver quadro anterior). Portanto, a solução física do momento será:

p=e+γ2t Im(e±¯ωt),

ou:

p=e+γ2t(±sin(¯ωt)).

Visto que o momento é a derivada da posição, e a posição é do tipo cosseno, dentre as 2 soluções acima, é conveniente escolher a negativa. Portanto, a evolução temporal do operador de momento linear é:

p(t)=e+γ2t(sin(¯ωt)).

As Figs. 2.1, 2.2 e 2.3 foram construídas para γ=0.2. Houve simplificações numéricas: ajustou-se m=1 e ω=1. Isso implicou em ¯ω=0.995. Apresenta-se o comportamento dos seguintes operadores de Heisenberg: coordenada, momento linear, energia potencial, energia cinética e energia total.

Oscilação da coordenada (vermelho). Fator de amortecimento = 0.2.

Figura 2.1: Oscilação da coordenada (vermelho). Fator de amortecimento = 0.2.

Oscilação do momento (verde). Fator de amortecimento = 0.2.

Figura 2.2: Oscilação do momento (verde). Fator de amortecimento = 0.2.

Oscilação da energia potencial (vermelho) e da energia cinética (verde). A energia total permanece constante (azul). Fator de amortecimento = 0.2.

Figura 2.3: Oscilação da energia potencial (vermelho) e da energia cinética (verde). A energia total permanece constante (azul). Fator de amortecimento = 0.2.

A Fig. 2.1 está de acordo com o que pensamos sobre um sistema dissipativo. Durante a oscilação, a amplitude da coordenada diminui de valor (tende a zero). Porém, a figura 2.2 mostra que a amplitude do momento está aumentando. E a figura 2.3 deixa claro que a energia total não está se dissipando: se apresenta como uma constante de movimento.

o modelo FALHA em explicar um sistema quântico dissipativo.

O mesmo comportamento foi observado por (Segovia-Chaves 2018): FIGURE 2. Foi dito que isso se deve ao aumento exponencial da massa do oscilador de Caldirola-Kanai. De fato, podemos entender o que foi dito, fazendo um ajuste no hamiltoniano (1.4) (S K Bose 1985):

H(t)=12me+γtp2(t)+me+γt2ω2q2(t).

A chamar:

m(t)=me+γt,

obtém-se:

H(t)=12m(t)p2(t)+m(t)2ω2q2(t).

O hamiltoniano (2.36) é analogo ao hamiltoniano do oscilador harmônico sem atrito (1.3), porém, com uma massa que cresce exponencialmente com o passar do tempo. Nessa interpretação, o oscilador fica mais “pesado” a cada oscilação.

3 Modelo CK com duas fricções

O modelo dissipativo de Caldirola–Kanai, da Seção 2, gera estes operadores de coordenada e de momento:

q(t)=eγ2tcos(¯ωt),p(t)=e+γ2t(sin(¯ωt)).

O que tornou esse modelo falho, foi o momento crescer por causa do termo e+γ2t. Se a exponencial fosse decrescente, como na coordenada, o modelo seria dissipativo e a energia total diminuiria com o tempo. Visando “reparar as coisas,” pensei em alterar o hamiltoniano (1.4). A minha ideia é analisar o modelo CK, porém, com duas fricções:

H(t)=eaγt12mp2+e+bγtm2ω2q2.

As constantes a e b são números reais. O estudo segue o procedimento e a linguagem da Seção 2. Nosso primeiro passo é desenvolver o comutador coordenada–hamiltoniano:

[q,H]=[q,12mp2eaγt]+[q,m2ω2q2e+bγt]=12meaγt[q,p2]+m2ω2e+bγt[q,q2]=12meaγt2p[q,p]+0=eaγtmpi,

que gera a equação de movimento da coordenada:

˙q=[q,H]i=eaγtmp.

Nosso segundo passso é desenvolver o comutador momento–hamiltoniano:

[p,H]=[p,12mp2eaγt]+[p,m2ω2q2e+bγt]=12meaγt[p,p2]+m2ω2e+bγt[p,q2]=0+m2ω2e+bγt2q[p,q]=mω2e+bγtqi,

que gera a equação de movimento do momento:

˙p=[p,H]i=mω2qe+bγt.

Equação diferencial da coordenada:

Inverter a equação (3.4):

p=m˙qe+aγt.

Derivar a equação (3.4):

¨q=eaγtm(aγp+˙p).

Substituir p (3.7) e ˙p (3.6) em ¨q (3.8):

¨q=eaγtm(aγm˙qe+aγtmω2qe+bγt)=aγ˙qω2e(ba)γtq.

O que resulta em:

¨q+aγ˙q+ω2e(ba)γtq=0.

Uma solução simples para a equação da coordenada:

Usar esta coordenada complexa, Q=eRt, em (3.10):

R2+aγR+ω2e(ba)γt=0.

Solução:

R=aγ±(aγ)24ω2e(ba)γt2.

Ou:

R=aγ2±a2γ24ω2e(ba)γt.

Visto que a procura é por oscilação subamortecida, invertemos a raiz (3.13) para o resultado ser negativo:

R=aγ2±iω2e(ba)γta2γ24.

Vamos chamar:

Ωa=ω2e(ba)γta2γ24,

para escrever (3.14) como:

R=aγ2±iΩa.

Em fim, a coordenada complexa é:

Q=eaγ2te±iΩat,

e a coordenada física é:

q=eaγ2t Re(e±Ωat),

ou:

q(t)=eaγ2tcos(Ωat).

Equação diferencial do momento:

Inverter a equação (3.6):

q=ebγtmω2˙p.

Derivar a equação (3.6):

¨p=mω2e+bγt(bγq+˙q).

Substituir q (3.20) e ˙q (3.4) na equação ¨p (3.21):

¨p=mω2e+bγt(bγebγtmω2˙p+eaγtmp)=bγ˙pω2e(ba)γtp.

O que resulta em:

¨pbγ˙p+ω2e(ba)p=0.

Uma solução simples para a equação do momento:

Usar este momento complexo, P=eGt, em (3.23):

G2bγG+ω2e(ba)γt=0.

Solução:

G=+bγ2±b2γ24ω2e(ba)γt.

Inverter a raiz de (3.25) e chamar o resultado de:

Ωb=ω2e(ba)γtb2γ24.

Assim:

G=+bγ2±iΩb,

e o momento complexo é:

P=e+bγ2te±iΩbt.

Por fim, acompanhando a escolha na Seção 2, a solução física do momento é:

p(t)=e+bγ2t(sin(Ωbt)).

É prátivo escrever um resumo com os operadores de coordenada e de momento:

q(t)=cos(Ωat)eaγ2t,p(t)=sin(Ωbt)ebγ2t,

e com as frequêcias de oscilações:

Ωa=ω2e(ba)γt(aγ)24,Ωb=ω2e(ba)γt(bγ)24.

Analisando essas frequências, se a=b=1, as fórmulas (3.31) regridem para (2.21): Ωa=Ωb=¯ω. As outras situações são:

b>ab<ae(ba)γte(ba)γt0ΩΩNaN

Nota: NaN (Not a Number) é uma palavra da linguagem R. Em (3.32), avisa que o usuário tentou obter a raiz quadrada de um número negativo.

3.1 Exemplo 1

Os gráficos 3.1, 3.2 e 3.3 são construídos para a=1, b=1 e γ=0.2. Ajustou-se a frequência natural em ω=1. A coordenada e o momento (3.30) e as frequêcias (3.31) são:

q(t)=cos(Ωat)eγ2t,p(t)=sin(Ωbt)eγ2t,

Ωa=e2γtγ24,Ωb=e2γtγ24,

sendo que essas frequências se tornam NaN após 11.5 s.

O hamiltoniano (3.2), para m=1, tem o aspécto:

H(t)=12p2eγt+12q2eγt.

As frequências de oscilação diminuem com o tempo de acordo com a figura 3.1. Com a possibilidade de manipular duas fricções no hamiltoniano CK, a figura 3.2 mostra que a amplitude da coordenada e a amplitude do momento tendem a zero. Como consequência, a figura 3.3 mostra que as amplitudes das energias cinética e potencial também tendem a zero, e, principalmente, o operador de energia total diminui com o tempo (não é uma constante de movimento). Esse comportamento está de acordo com o que pensamos sobre um modelo dissipativo: a cada oscilação, o oscilador perde energia para um meio ambiente viscoso. Como dissemos, o meio pode ser um gás de fundo que cerca o oscilador; o oscilador pode ser um átomo aprisionado nesse meio. Agora, a dissipação é causada por duas fontes de viscosidades, modeladas pelas fricções aγ e bγ. Nesse modelo de dupla viscosidade, o movimento vê uma viscosidade e a força restauradora, outra.

a = 1, b = -1 e gamma = 0.2: frequência da coordenada (vermelho); frequência do momento (verde).

Figura 3.1: a = 1, b = -1 e gamma = 0.2: frequência da coordenada (vermelho); frequência do momento (verde).

a = 1, b = -1 e gamma = 0.2: oscilação da coordenada (vermelho); oscilação do momento (verde).

Figura 3.2: a = 1, b = -1 e gamma = 0.2: oscilação da coordenada (vermelho); oscilação do momento (verde).

a = 1, b = -1 e gamma = 0.2: oscilação da energia potencial (vermelho); oscilação da energia cinética (verde); há dissipação de energia total (azul).

Figura 3.3: a = 1, b = -1 e gamma = 0.2: oscilação da energia potencial (vermelho); oscilação da energia cinética (verde); há dissipação de energia total (azul).

Nesse exemplo, o oscilador foi cercado por um fundo áspero: (a,b)=(1,1). Isso permitiu pouca oscilação (11.5 s). Os próximos exemplos vão “suavizar as coisas.”

3.2 Exemplo 2

Os gráficos 3.4, 3.5 e 3.6 são construídos para (a,b)=(0.1,0.1) e γ=0.2. As frequências se tornam NaN após 230 s (~4 minutos). Segue a lista de equações graficadas.

Coordenada e momento (3.30):

q(t)=cos(Ωat)e0.01t,p(t)=sin(Ωbt)e0.01t.

Frequências (3.31):

Ωa=e0.04t104,Ωb=e0.04t104.

Hamiltoniano (3.2):

H(t)=12p2e0.02t+12q2e0.02t.

a = 0.1, b = -0.1 e gamma = 0.2: frequência da coordenada (vermelho); frequência do momento (verde).

Figura 3.4: a = 0.1, b = -0.1 e gamma = 0.2: frequência da coordenada (vermelho); frequência do momento (verde).

a = 0.1, b = -0.1 e gamma = 0.2: oscilação da coordenada (vermelho); oscilação do momento (verde).

Figura 3.5: a = 0.1, b = -0.1 e gamma = 0.2: oscilação da coordenada (vermelho); oscilação do momento (verde).

a = 0.1, b = -0.1 e gamma = 0.2: oscilação da energia potencial (vermelho); oscilação da energia cinética (verde); há dissipação de energia total (azul).

Figura 3.6: a = 0.1, b = -0.1 e gamma = 0.2: oscilação da energia potencial (vermelho); oscilação da energia cinética (verde); há dissipação de energia total (azul).

Há dissipação de energia e, como diminuímos a fricção, o oscilador oscilou por muito mais tempo (comparado com o Exemplo 1). Existem algumas marcações nas figuras que serão explicadas no próximo exemplo.

3.3 Exemplo 3

Os gráficos 3.7, 3.8 e 3.9 são construídos para (a,b)=(0.01,0.01) e γ=0.2. As frequências se tornam NaN após 3450 s (~1 hora). Segue a lista de equações graficadas.

Coordenada e momento (3.30):

q(t)=cos(Ωat)e0.001t,p(t)=sin(Ωbt)e0.001t.

Frequências (3.31):

Ωa=e0.004t106,Ωb=e0.004t106.

Hamiltoniano (3.2):

H(t)=12p2e0.002t+12q2e0.002t.

Nesse exemplo, quando o tempo passa pelo intervalo [475-500] segundos, centrado em 500 s, o oscilador não completa um ciclo total (extremidade–extremidade), faz a inversão em meio-ciclo (extremidade–posição de equilíbro). As outras oscilações ocorrem normalmente: invertem os movimentos nas extremidades dos percursos. Porém, a inversão atípica é feita ao redor da posição de equilíbrio: q=0. O retorno pelas extremidades é realizada “num piscar de olhos.” Já a situação atípica necessita de mais tempo: 50 s. Durante esse intervalo, o momento linear estabiliza ao redor do máximo, p=0.6, quer dizer, o oscilador faz o retorno em posição de alta velocidade. O comportamento incomum é refletido no gráfico das energias. Durante os 50 segundos, a energia potencial se localiza em V=0, e a energia cinética entre K=0.06 e 0.075. Depois da oscilação atípica, o oscilador volta a oscilar normalmente, através das extremidades do percursor.

a = 0.01, b = -0.01 e gamma = 0.2: frequência da coordenada (vermelho); frequência do momento (verde).

Figura 3.7: a = 0.01, b = -0.01 e gamma = 0.2: frequência da coordenada (vermelho); frequência do momento (verde).

a = 0.01, b = -0.01 e gamma = 0.2: oscilação da coordenada (vermelho); oscilação do momento (verde).

Figura 3.8: a = 0.01, b = -0.01 e gamma = 0.2: oscilação da coordenada (vermelho); oscilação do momento (verde).

a = 0.01, b = -0.01 e gamma = 0.2: oscilação da energia potencial (vermelho); oscilação da energia cinética (verde); há dissipação de energia total (azul).

Figura 3.9: a = 0.01, b = -0.01 e gamma = 0.2: oscilação da energia potencial (vermelho); oscilação da energia cinética (verde); há dissipação de energia total (azul).

Voltando ao Exemplo 2, observa-se no gráfico 3.5 que o oscilador também realiza uma oscilação incomum por volta dos 50 segundos: faz um retorno antes de chegar na extremidade do percurso; por isso, realiza essa inversão com velocidade diferente de zero. Em inversões típicas, a velocidade na extremidade do percurso é zero: ver a marcação logo após 100 s.

4 Conclusão

A dissipação de energia por sistemas quânticos é um problema de grande complexidade. Os autores (Chung-In Um 2002), em um resumo com cerca de 130 páginas, fazem um “levantamento cronológico das várias abordagens para os osciladores harmônicos amortecidos linearmente, desde o ano de 1931 até meados da década de 1980.” Um problema apontado é que muitos desses modelos, incluindo o modelo Caldirola–Kanai (CK), violam o principal fundamento da física quântica: o princípio de incerteza de Heisenberg.

De acordo com o trabalho de (Segovia-Chaves 2018), ao utilizar o modelo CK, também observamos falhas na descrição do oscilador que dissipa energia para um meio viscoso — recorde as figuras 2.2 e 2.3. Foi, então, sugerido a utilização de 2 parâmetros de fricção: um para o movimento e outro para a força restauradora — recorde o hamiltoniano (3.2). Os exemplos nas seções 3.2 e 3.3 mostram que essa proposta gera oscilações atípicas, hora o retorno da oscilação ocorre antes de chegar na extremidade do percurso, hora, pela posição de equilíbrio — recorde as figuras 3.5 e 3.8, respectivamente.

Referências

Caldirola, P. 1941. Porze Non Conservative Nella Meccanica Quantistica. Nuovo Cimento, Volume 18, Pages 393-400.
Chung-In Um, Thomas F. George, Kyu-Hwang Yeon. 2002. The Quantum Damped Harmonic Oscillator. Physics Reports, Volume 362, Pages 63-192.
I J R Aitchison, T M Snyder, D A MacManus. 2004. Understanding Heisenberg’s “Magical” Paper of July 1925: A New Look at the Calculational Details. American Journal of Physics, Volume 72, Page 1370.
Kanai, E. 1948. On the Quantization of Dissipative Systems. Prog Theor Phys, Volume 3, Pages 440-2.
S K Bose, V N Tewari, U B Dubey. 1985. Coherent States of a Damped Harmonic Oscillator. Pramana, Volume 24, Pages 591-594.
Segovia-Chaves, Francis. 2018. The One-Dimensional Harmonic Oscillator Damped with Caldirola-Kanai Hamiltonian. Revista Mexicana de Física, Volume 64, Pages 47-51.
Cássio Sanguini Sergio
Físico

Meus interesses de pesquisa incluem aglomerados e semicondutores.

Relacionados